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Arquitetos: Studio VDGA
- Área: 140 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Edmund Sumner

Descrição enviada pela equipe de projeto. A Rua é concebida como uma casa comunitária integrada a um loteamento residencial composto por terrenos modestos de 140 m², onde cada morador constrói a própria casa dos sonhos. À medida que o solo urbano se torna cada vez mais caro, muitas famílias migram para as periferias das cidades. Essa transição, porém, costuma vir acompanhada da perda da vida social vibrante que caracterizava os bairros tradicionais. O projeto busca preencher essa lacuna ao oferecer um espaço coletivo que complementa o modo de vida indiano, profundamente enraizado na interação comunitária, na continuidade cultural e na convivência cotidiana.


Diferente dos clubes residenciais convencionais, que funcionam apenas como atrativos de venda ou blocos de lazer, este centro comunitário foi concebido como uma extensão viva e pulsante do bairro. A ideia central se organiza em torno de uma rua sinuosa que conecta diferentes usos — restaurante, piscina, academia e salão de festas. Essa rua foi desenhada para despertar curiosidade, promover descobertas e estimular encontros casuais, criando oportunidades para que os moradores se encontrem, conversem e compartilhem momentos de convivência.

O projeto prioriza a conectividade fluida e a acessibilidade total, eliminando desníveis rígidos e escadas para favorecer um fluxo contínuo de movimento. A experiência evoca o ritmo informal das ruas indianas, onde pessoas caminham, conversam, brincam e celebram lado a lado. Para harmonizar-se com o entorno, parte da construção é semienterrada, seguindo técnicas tradicionais de escavação e aterro (cut and fill). Essa estratégia permite que o edifício se integre à paisagem, reduzindo seu impacto visual e melhorando o conforto térmico e a sustentabilidade ambiental.


A materialidade e a simbologia estão profundamente ligadas à tradição indiana. O projeto faz uso de tijolos vermelhos locais aparentes e de concreto bruto, expressando sinceridade e enraizando o edifício em seu contexto natural. Na face sul, uma torre d’água se destaca como elemento funcional e simbólico, evocando o Stambh — os marcos monolíticos das antigas cidades indianas que simbolizavam chegada e pertencimento.


Em sua essência, A Rua celebra a nostalgia das vielas indianas — espaços repletos de conversas, celebrações e histórias compartilhadas. O projeto rejeita a natureza fechada da vida moderna e privilegia ambientes abertos, sem portas, que estimulam a interação espontânea e o senso de comunidade. Cada pátio, canto e ponto de pausa convida o morador a desacelerar, refletir e se conectar, promovendo um estilo de vida que valoriza as relações acima das posses e as experiências acima dos equipamentos.


Mais do que um clube comunitário, A Rua constitui um tecido social inserido no coração do bairro, resgatando o verdadeiro sentido de convivência que define o modo de viver indiano. O projeto se afirma como um tributo a formas de vida mais lentas, simples e conectadas, em que as ruas deixam de ser apenas caminhos — tornando-se lugares onde a vida realmente acontece.






















